Já faz um tempo que venho conversando e ouvindo vários líderes de RH, gestores e executivos de diversos segmentos e tamanhos de empresas e em muitas dessas trocas, ouço que lidar com o tal “conflito intergeracional” está cada vez mais desafiador.

E sempre que ouço, fico pensando… mas será que precisa ser assim?

Relações humanas sempre importaram — e continuam importando ainda mais neste mundo cada vez mais tecnológico.

A convivência entre diferentes gerações nas organizações não é novidade. Então, o que mudou? Por que a necessidade de rotular os comportamentos como se estivéssemos rotulando objetos?

Hoje, muitas vezes reduzimos pessoas a estereótipos como:

🔹 “Boomers são resistentes à mudança”

🔹 “Millennials são ansiosos”

🔹 “Geração Z é imediatista”

Essa lógica de tribos na minha visão pasteuriza as relações humanas. Deixa de lado o que cada pessoa traz de singular: sua história, motivações e valores.

O que a ciência organizacional tem a dizer?

A importância das relações humanas nas organizações é comprovada por décadas de estudos acadêmicos. Elton Mayo, com sua Teoria das Relações Humanas, mostrou que a produtividade aumenta quando há conexão e reconhecimento no ambiente de trabalho.

Anos depois, Del Fiaco (2006) reforçou que olhar para as relações — e não apenas para os processos — ampliou a compreensão sobre liderança, motivação e desempenho.

Mais recentemente, Fiaz et al. (2023) demonstraram que relações positivas entre colegas elevam de forma significativa o engajamento.

O que diz a Harvard Business Review?

De acordo com a HBR (2024), apenas 6% das organizações acreditam que seus líderes estão preparados para lidar com equipes intergeracionais. Já em outro artigo publicado em 2023, a revista alerta para um descompasso de visões entre gerações: líderes mais seniores costumam priorizar estabilidade e resultados de curto prazo, enquanto as novas gerações buscam inovação, propósito e participação ativa.

Entre as soluções estruturais propostas estão iniciativas como Shadow Boards, co-liderança entre gerações, consultas à nova geração e até limites de mandato.

Mas será que estrutura resolve o que é essencialmente humano?

Dale Carnegie já ensinava isso no século passado

No clássico “Como Fazer Amigos e Influenciar Pessoas”, ele apresenta princípios atemporais sobre como construir relações humanas saudáveis, empáticas e eficazes.

💬 “Lide com as pessoas como elas são, e não como você gostaria que fossem.”

Sou certificada Dale Carnegie há 2 anos e quanto mais me aprofundo nesses princípios, mais vejo: se os líderes os aplicassem de forma consistente, intencionalmente, muitos dos desafios da liderança intergeracional seriam resolvidos com muito mais leveza.

Alguns princípios:

Aprecie honesta e sinceramente

Desperte um forte desejo na outra pessoa

Torne-se verdadeiramente interessado na outra pessoa

Seja um bom ouvinte, incentive as pessoas a falarem sobre elas mesmas

Seja receptivo às ideias e aos desejos da outra pessoa


Acredito que, se pararmos de rotular e começarmos a ouvir com interesse e profundidade as pessoas que formam os times, a liderança intergeracional deixaria de ser um desafio e se tornaria um diferencial competitivo humano e sustentável.

Vamos parar de olhar para o rótulo geracional e ficar “bolando” técnicas e ferramentas e começar a olhar para quem realmente está ali: uma pessoa, com história, medos, talentos e desejos únicos.

Vamos debater? Me conta sua experiência com esse tema.


Escrito por: Luciana Dias

Especialista em desenvolvimento de líderes, gestão de programas e transformação organizacional.

Mentora do Programa UR Butterfly e Certificada Dale Carnegie.